Pecado Mortal (2a parte)


Os pecados mortais são sete, a saber: homicídio, adultérios, prostituição, roubo, consumo de drogas, pedofilia e corrupção, certo?

Não!   Por mais horrível que seja esta lista, ela não representa os pecados chamados mortais.   Talvez você se assuste se lhe disser que eles estão bem e prosperando na Igreja. Não se assuste!  

Veja a lista!  Os pecados mortais são: orgulho, ira, inveja, preguiça, gula, avareza e luxúria.   E, repito, estão bem e prosperando na Igreja!

      IRA

Falamos aqui essencialmente do descontrole do temperamento que levanta reações desproporcionadas para eventos corriqueiros. É a raiva incontida, o ódio injustificado, a fúria desprovida de razão, a incapacidade de manter-se sob controle nas questões diárias.

Os livros de sabedoria do Antigo Testamento falam da tolice da ira descontrolada (Provérbios 14:17, Eclesiastes 7:9). Jesus comparou a ira ao homicídio, colocando ambos na mesma dimensão aos olhos de Deus (Mateus 5:21 a 26). Paulo colocou a ira na lista das obras da carne em Gálatas 5:20. Exemplo clássico de ira é do rei Herodes, que destruiu sua família por medo de ser derrubado do trono e mandando matar todas as crianças pequenas de Belém. Saulo de Tarso, em seu zelo mal orientado, é outro homem de ira que em seu ódio levou a destruição à igreja de Jesus.

A visão mundana da ira varia entre temperamento esquentado e força de vontade. Há quem se preocupe em controlar a ira, mas a visão geral é de que se trata de algo natural, sendo, na maior parte das vezes, até positiva. É comum encontrar quem se orgulhe de sua ira e a defenda, pois segundo muitos, "há coisas que só funcionam mesmo é no tranco!" O manso é considerado tolo, passivo e com sangue de barata.

Na visão cristã, o autocontrole é fruto do Espírito Santo. O cristão não é um fraco, mas aprende a canalizar e controlar a força. A ira leva a pessoa a falar o que não deve e a fazer o que não pode. Ela leva as pessoas a reagirem de modo contrário à sua verdadeira natureza. Tira a razão mesmo daquele que age em justiça. A vingança, vista como obrigatória pelo mundo, é (segundo a Bíblia) de Deus, porque só Ele julga corretamente.

Devemos também lembrar que a maior parte das nossas manifestações de ira são fruto de impaciência e egoísmo. Muito raramente nossa ira é justa, como a de Jesus. A Ira justa é dirigida contra a injustiça e o mal. A nossa ira é dirigida contra pessoas que entendemos que violaram nossos direitos e nos prejudicaram de alguma maneira.

Exemplo que fala por si mesmo é a ira que demonstramos no trânsito quando julgamos que alguém nos ultrapassou indevidamente ou ainda mais tolamente, a ira que despejamos sobre um juiz de futebol que entendemos ter prejudicado nosso time. Antes de nos irarmos, a primeira pergunta deveria ser: Por que? Por que estou irado? É egoísmo? É por impaciência? Há justificação além dos meus interesses pessoais? De acordo com nosso Mestre, serão os mansos que herdarão a terra!

      INVEJA
É o sentimento de desejo pelo que é de outro. Aquela insatisfação que enche o coração por querer algo que não se tem. É aquela tristeza ao ver o sucesso alheio por sentir que não conseguimos obtê-lo. A inveja mina a alma de tal maneira que tira a alegria de viver e torna a pessoa amarga e desequilibrada. A palavra é clara sobre esse pecado.

O livro de Provérbios condena a inveja (3:31; 14:30; 24:1) que é mencionada nos dez mandamentos sob a forma de cobiça (Êxodo 20: 17). Jesus ensinou os discípulos a não invejar a posição dos outros (Marcos 10:42 a 45) e Paulo colocou esse pecado em suas listas funestas (Romanos 1:29 e Gálatas 5:21). Um exemplo conhecido de inveja na Bíblia é o caso do Rei Acabe. Apesar de ser rei e possuidor de riqueza em terras e bens foi dominado por profunda melancolia quando invejou a vinha de Nabote (I Reis 21). A inveja o levou ao homicídio de Nabote, disfarçado de julgamento religioso. Também o caso de Ananias e Safira (Atos 5) tem sua raiz na inveja que eles sentiam pela aprovação que os outros crentes estavam recebendo na Igreja em Jerusalém.

O materialismo desenfreado da era moderna, com seu consumismo voraz, justifica a inveja e a estimula como ambição positiva. A filosofia consumista promete, inclusive, felicidade e sucesso aos mais invejosos ou melhor dizendo, ambiciosos. Há poderosos canais da mídia que de dedicam a mostrar a vida dos famosos, os artistas e atletas profissionais, desenvolvendo assim uma inveja a nível planetário, sempre na perspectiva de "se eu tivesse aquilo..." Os canais de propaganda vivem disso e a população endivida-se na expectativa de provar as teses do marketing que oferecem vida longa e todo o imaginário em forma de máquinas, bebidas energéticas ou comprimidos.

A virtude cristã que se opõe à inveja é a satisfação, irmã gêmea da gratidão. A capacidade de ser grato pelo que se tem desenvolve uma satisfação abençoada, que lança fora a inveja, a cobiça e o ciúme e traz realização para a vida. Assim, sendo gratos e satisfeitos, podemos, inclusive, nos alegrar com os sucessos alheios e apreciar, sem malícia, tudo o que há de bom na vida, na certeza de que o nosso Deus é Jeová-Jiré, o Deus que providencia para as nossas reais necessidades.

PREGUIÇA
É o marasmo da falta de ânimo e vontade. A constante desvalorização da ação, conjugada com a falta de incentivo para o trabalho. Trata-se de uma falha de caráter daquele que se contenta em ser sustentado por outros na constante mesmice dos dias inativos. O livro de provérbios é pródigo em chamar a atenção do preguiçoso e inclusive dá-lhe o exemplo da formiga (Provérbios 6:6; 13:14; 19:15; 21:25; 22:13; 26:15 e 16). Jesus deixou claro que os preguiçosos não podem ser seus seguidores (Lucas 9:62) e Paulo ensinava que aquele que não trabalha não deve comer (II Tessalonicenses 3:10 a 12).

Um caso clássico de preguiça foi o de Davi, que resultou em grande prejuízo. Em tempo de guerra ele permaneceu preguiçosamente em Jerusalém e dormiu uma longa sesta. Ao levantar-se sucumbiu à luxúria (desejando a mulher de Urias) e tudo isto o levou ao adultério e assassinato.

A psicologia moderna gosta de dar nomes sofisticados à preguiça e justifica a falta de vontade de trabalhar como sintoma de várias patologias, entre elas a ansiedade, distúrbio bipolar e depressão. O mundo idealiza e sonha com o estado de eterna preguiça. As eternas férias, onde poderemos fazer o que quisermos... Aquele que já não precisa trabalhar e pode se dar ao luxo de "viver de sombra e água fresca" é considerado um felizardo! A aposentadoria é um alvo ansiado, porém, raramente traz o que o indivíduo esperava. A visão negativa do trabalho idealiza a indolência e despreza aquele que "ganha o pão de cada dia com o suor de seu rosto".

O cristão é chamado à diligência. O trabalho dignifica e, ao contrário do que muitos afirmam, não é produto do pecado. Adão recebeu seu trabalho antes mesmo de pecar. Recebeu a tarefa de cuidar do jardim e ele sentia-se feliz por realizá-la. No céu não estaremos sentados, dormindo em cima das nuvens, como é a visão caricata. O céu será um lugar de atividade onde realizaremos aquele trabalho que nos alegra o coração e nos traz prazer. Deus criou o homem para ser útil, para ser bênção e para o louvor da sua glória. Logo, ecoando as palavras do sábio dizemos: "Tudo o que vier às mãos para fazer, faze-o conforme as tuas forças" (Eclesiastes 9:10).

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